Um grande economista do século passado, J.A. Schumpeter, afirmava que o motor, o combustível, do capitalismo era a inovação, o que denominava de destruição criadora, o novo surgindo do velho.
Inovação seria a criação de um novo produto, uma nova forma de fazer um produto já conhecido, isto é, fazer produtos antigos de forma diferente ou uma nova tecnologia para fazer novos produtos. Mas a inovação não se restringiria a isto, seria também administrar e/ou organizar de forma mais eficiente uma empresa ou atividade. O Japão, a potência que está aí, inicialmente fez uma revolução organizacional, administrativa, com o chamado Ohnismo ou Toyotismo.
O elevado impulso para a inovação, particularmente dos Estados Unidos, é um de seus traços mais marcantes, embora seja bom que se diga que o exagero neste ímpeto faz da obsolescência seu caldo de cultura, ou mesmo, sua essência. Assim, a criação e destruição em velocidade cada vez maior de produtos, empresas e serviços passou a ser uma das características fundamentais do capitalismo do século XXI, puxados pelo impulso dos americanos do norte para radicalização deste processo, que pode ser exemplificado pela permanente evolução e rápido envelhecimento dos celulares ( processo de desperdício contínuo e acelerado).
O DNA da inovação impregnou de tal forma o ambiente corporativo que hoje se discute como mecanismo de autopreservação da própria empresa, numa sucessão autofágica contínua, criar novos produtos e processos que canibalizam seus próprios produtos e processos, para evitar que se perca o ritmo e a liderança inovadora setorial para outras empresas mais “assanhadas”.
Esta lógica impregnou de tal forma o atual estágio do capitalismo, monetário creditício, que resultou em campanha sistemática para a não regulamentação e desregulamentação, particularmente, do sistema financeiro ao pretexto de deixar as forças de mercado agirem sem travas de leis e intervenções governamentais.
Sem peias o excesso de vigor do capitalismo, leia-se sua ganância, para acumular, leva a constantes situações de bolhas e crises, principalmente no que diz respeito às inovações financeiras, embora se questione a capacidade de tais inovações alavancarem o crescimento da economia, pelo contínuo descolamento entre o lado real e o lado financeiro. A capacidade de inovação é tão rápida e a agilidade governamental para fiscalização é tão baixa, que os riscos excessivos aí embutidos saem do controle, deste modo, de antemão, o jogo já está perdido. A crise cíclica faz parte da essência do capitalismo financeiro, com governo atuando. Se o governo se ausentar, como nos Estados Unidos e em boa parte do resto do mundo no período de hegemonia conservadora, o desastre será o seu desaguadouro natural.
Antônio Carlos Roxo é coordenador do Curso de Comércio Exterior e Negócios Internacionais, do MBA em Gestão em Negócios Internacionais e membro fundador do Grupo de Estudos de Comércio Exterior do Unifieo – Geceu.
E-mail : roxo@unifieo.br
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