quinta-feira, 1 de julho de 2010

EXPOSTOS PELA CRISE

Os brasileiros têm uma experiência grande em crises financeiras e econômicas que culminaram em “grandes estratégias e milagres” com planos mirabolantes em alguns casos; Plano Cruzado 1986, Plano Bresser 1987, Plano Verão 1988, Plano Collor I e II em 1990, Plano Real em 1994 e crise cambial em 1999. Este breve histórico se refere aos nossos problemas sem contar as crises econômicas que passamos por conta de outras nações.

Mas o que podemos aprender com estas crises e que nos leva a pensar em nossas empresas e finanças pessoais?

Os problemas partem de decisões equivocadas, tomadas com base em alguns parâmetros e princípios formados pelo meio em que vivemos, e assim os problemas vão se instalando sem que tenhamos condições de perceber sua chegada e tão pouco enxergar o seu crescimento.

Temos a tendência a minimizar nossos problemas e o que está por vir, dias difíceis nós iremos enfrentar, em nossos negócios, saúde, finanças pessoais ou em nossa família. O que fará a diferença é quando iremos perceber os problemas e como iremos tratá-los, pois qualquer empresa ou pessoas pode enfrentar qualquer problema se estiver preparada, para isto não podemos “dourar a pílula”.

Quando sabemos exatamente o que iremos enfrentar, podemos planejar as ações que tomaremos a frente, convocaremos nosso exército para a batalha. Aí tem outro ponto importante a aprender, não podemos ir para a batalha sozinho, devemos estar acompanhado dos melhores soldados, participar objetivos, as estratégias, permitir que alguns soldados falem e escutar.

Outro aprendizado é não deixar que o orgulho ou teimosia nos prenda em negócios, mercado a que não pertençamos, produto que não é rentável ou investimentos de nenhuma ou baixa rentabilidade. Há negócios que nos custa além de dinheiro, nosso tempo e esforço e que poderiam ter sido alocados em negócios de melhor resultado.
Buque o que é realmente importante e corte suas perdas em negócios ou produtos que não estão sendo vantajosos para sua empresa ou você. Não estou dizendo que devemos desistir ou abandonar tudo ao primeiro sinal de dificuldade ou resultados ruins.

Analisar criteriosamente todas as situações em que há perdas e se assegurar que suas atitudes são as que melhor podem ser tomadas nas circunstâncias são de fundamental importância, cabe então outro alerta, pois quando estamos enfrentando uma crise, temos a dificuldade de enxergar todos os pontos necessários.

Como vivenciamos na história econômica de nosso país e estamos vendo os fatos na Europa, não há milagre ou planos mirabolantes, mas há sim, planejamento, estratégia e ações corretivas a serem tomadas. Busque ajuda de um consultor externo, escute sua opinião e tome suas decisões

A crise nos expõe, porém nós nos colocamos nas crises.

A CARGA TRIBUTÁRIA SOBRE AS FAMÍLIAS

Sondagem encomendada pela Fiesp (Federação das Indústrias - SP) ao Instituto Ipsos evidenciou que os brasileiros não têm o mínimo conhecimento sobre o quanto pagam em impostos. O estudo revela que os tributos invisíveis, aqueles que não vêm informados nas embalagens dos produtos, representam cerca de 40% da carga tributária brasileira. Na esteira, alguns exemplos de produtos da cesta básica do consumidor chamam a atenção para o alto grau de impostos embutidos nos mesmos, lembrando que são impostos que, muitas vezes, já incidiram sobre a indústria e as empresas.

Ao todo, foram entrevistadas mil pessoas, durante o mês de março de 2010 em 70 cidades brasileiras.



Não fossem os números falarem por si e nosso choque, enquanto consumidores e empresários, talvez, fosse menor. Reparem que, os dados do estudo nos dizem que ao comprarmos uma máquina de lavar roupa, 55% do preço será dado por impostos. Ao comprarmos um pãozinho francês ou 1 litro de leite, diga-se de passagem, dois produtos essenciais da cesta básica, respectivamente 18% e 20% serão impostos!

No desdobramento do estudo, o jornal OESP em 09 de maio de 2010, tendo como fonte a Receita Federal, divulgou a carga tributária sobre as famílias em percentual do salário mínimo, como se segue:



Pelo quadro acima, nota-se uma concentração da renda no Brasil já na taxação dos seus cidadãos. Não há dúvidas das dificuldades em se promover os princípios de Neutralidade e Equidade quando se trata da implementação de um imposto. No entanto, também não há dúvidas que, baseados nos números acima, parece, no mínimo, absurdo, aceitar que um pai de família que ganhe até 5 salários mínimos, recolha ao redor de 42,5% em impostos sobre sua renda!

Ainda na leitura do mesmo jornal em parceria com a Fiesp, há a divulgação da composição dos tributos em 2009, por base de incidência na carga tributária:
Observa-se nos dados uma alta taxação sobre o consumo, a qual, certamente, não afeta apenas os consumidores. Afeta a venda dos empresários... afeta o nível de produção brasileiro pela iniciativa privada. Afeta a presença do empresário na economia.

Caro leitor, na semana passada, em artigo entitulado “E os juros voltaram a 2 dígitos”, falamos sobre a dificuldade em ser empresário numa nação como a brasileira. Agora introduzimos o mundo dos impostos.



Um fato analítico chama nossa atenção a partir daqui: por que o governo brasileiro, em todas as suas esferas, tributa tanto? E, assim como no artigo sobre política monetária, respondemos: porque o governo gasta demais e gasta mal! E lembramos outro número: para sustentar uma dívida pública ao redor de R$ 1.500.000.000.000,00, o governo precisa gerar poupança mês a mês. Isto é, ele precisa de saldo positivo em suas contas públicas mensais. Agora, se o governo gasta demais, como tornar o saldo positivo? Simples: aumentando receitas. E como se aumentam receitas? Através de um único e possível canal de política fiscal: tributação da nação.

Desta forma, o governo gasta, tributa, gasta mais, tributa mais. E, pior... Cadê os investimentos? Não há como investir quando o caixa positivo de cada mês é utilizado para abatimento de dívida pública. Isto é, muitas vezes há abatimento de juros, sem sequer atingir-se o principal da dívida. E esta dívida? Vai de vento em popa... E fica aqui nossa deixa para o artigo da próxima semana.

Por: Sandra Regina Petroncare