O Brasil mudou muito nos últimos anos obtendo resultados bastante significativos para o seu desenvolvimento econômico.
Grande parte deste crescimento está associado ao comércio exterior do país que somente na última década ampliou as exportações em 246,41% e as importações em 226,69% em termos de valor.
Países como China, Estados Unidos e Argentina tem se consolidado como grandes parceiros comerciais do Brasil.
O país já conquistou um lugar de destaque no comércio exterior mundial e está classificado entre os trinta maiores exportadores e importadores.
Com base em todas essas afirmações pode-se concluir que os ventos estão favoráveis ao comércio exterior do país e que basta ao governo saber navegar na direção certa para continuar recebendo os bons ventos.
Entretanto nem tudo é positivo quando se faz uma análise mais apurada dos desafios pelos quais passa o comércio exterior do Brasil já que estes requerem uma atenção especial do governo.
Um deles se refere à queda nas vendas dos produtos manufaturados brasileiros que provocou um déficit na balança do setor industrial de US$ 39, 9 bilhões ou seja, 125% maior do que no ano de 2009 conforme informações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
O “custo Brasil” é outra adversidade que atinge diretamente o comércio exterior brasileiro por ser um conjunto de fatores que atrasam o desenvolvimento do país e diminuem a sua competitividade tais como: infraestrutura ineficiente, burocracia e carga tributária muito alta.
Estima-se que o custo logístico envolvendo estradas, portos, aeroportos e ferrovias em precário estado de conservação represente 12% do PIB brasileiro, ou seja, o 3º pior do mundo.
A burocracia é outro dilema para o comércio exterior brasileiro e segundo a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) corresponde entre 15% e 20% do custo total das exportações nacionais.
Outro grande desafio é pensar uma relação comercial mais equilibrada com a China uma vez que exporta-se muitos produtos básicos para aquele país em contrapartida da importação crescente de produtos manufaturados que acabam ameaçando a produção nacional devido aos baixos custos.
Se os chineses estão colhendo os bons frutos dessa estratégia de desenvolvimento é porque entenderam que a prosperidade tem que ser uma prioridade absoluta e nesse sentido desenvolveram um modelo exportador há mais de vinte anos.
Significativa parcela do crescimento do comércio exterior brasileiro está atrelada a fatores externos dentre os quais se destaca o aumento do preço das commodities. Esta condição acaba beneficiando o país e o direciona ao rumo certo, entretanto, por se tratar de uma área muito sensível a ofertas, demandas e oscilações de preços, não se sabe até quando este cenário será favorável ao Brasil.
Na ausência de ventos a favor é necessário ter um meio de locomoção que possibilite ao país navegar com recursos próprios e cuja força motriz é a sua economia interna que precisa ser madura, ágil e flexível.
Madura para proporcionar um crescimento mais uniforme de todos os setores que dela dependem, ágil para conseguir resultados positivos tão logo sejam necessários e flexível para ser ajustada de acordo com o desenvolvimento do país.
A competitividade oscilante, a burocracia, o custo Brasil e a falta de planejamento são alguns dos fatores internos que não estão garantindo a força necessária para impulsionar a grande nau do comércio exterior brasileiro e podem deixá-lo a deriva.
O governo brasileiro precisa entender o comércio exterior do país como um fator decisivo do crescimento econômico para realizar as mudanças internas necessárias ao seu desenvolvimento a fim de consolidar a sua posição como player global.
Sergio Dias Teixeira Junior:especialista e docente de Comércio Exterior e membro do Grupo de Estudos de Comércio Exterior do UNIFIEO – GECEU.
Escreve artigos para o PRVDA- Russia, Zwela – Angola e Diário Liberdade - Galícia.
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