As mudanças nas empresas continuam e atualmente com uma velocidade muito grande elas trocam seus executivos, pois a expectativa de resultados no curto prazo é alta.
É necessário refletir um pouco sobre estas trocas de executivos, quanto às informações obtidas, referentes às estratégias da empresa por conta das ações futuras por mudança do controle, abertura de capital, alianças e, principalmente, sobre os negócios e produtos.
Os proprietários da empresa não podem negligenciar o fato que o profissional contratado para auxiliar na expansão dos negócios participa ativamente deste desenvolvimento com conhecimento do todo ou de boa parte dos negócios, produtos e estratégias.
Assim, ter sabedoria na contratação dos executivos profissionais deve ser prioridade. Esta sabedoria passa por reconhecer que em alguns casos, os proprietários necessitam contratar um especialista que o auxiliará na identificação do perfil do profissional que melhor se adapta às necessidades dos sócios, bem como entender os objetivos da empresa para a busca do profissional que melhor se adapte a este novo momento corporativo.
Vale lembrar, que este executivo profissional terá como principal missão dar continuidade e perpetuidade aos negócios, impulsionar seu crescimento, e oferecer aos sócios fundadores ou herdeiros a maximização da riqueza.
O sócio proprietário deve ter esta preocupação, pois os executivos contratados têm seus interesses pessoais e buscam, cada vez de forma mais acirrada, por maximizar os interesses e resultados pessoais.
A busca por resultados e interesses pessoais pode ser um dos principais fatores de tomada de decisão e posição contrária aos interesses das empresas e dos sócios proprietários.
Há, hoje, grandes demandas judiciais por conta destes conflitos de interesses, em alguns casos os sócios proprietários acusam os executivos contratados de fraudes, o Banco Panamericano é o caso mais atual.
Quatro pontos importantes devem ser observados, tais como: autobeneficiamento, gestão de resultados focada no curto prazo, diretrizes impactantes sem consenso e manipulação de resultados. Estes são pontos que podem trazer sérios problemas para os negócios interferindo na continuidade da empresa.
Investir em controles e transparência nos negócios da empresa é fundamental para que os sócios tenham tranquilidade de pensar em novas estratégias e negócios.
Os conflitos entre os sócios proprietários e os executivos contratados podem ocorrer por discordâncias no plano estratégico. Os executivos podem preferir estratégias mais defensivas e que os protejam de demissões por resultados menores ou ruins, não optando por estratégias de riscos mais altos, que bem gerenciadas, poderiam resultar em maiores retornos para os sócios fundadores.
O contrário também é verdadeiro, quando os executivos adotam posições empresariais muito mais agressivas e expostas aos riscos e os sócios proprietários têm um perfil mais conservador.
Estratégias corporativas que atendam mais aos interesses dos executivos contratados, podem ser realizados em detrimento aos interesses dos proprietários, afetando os resultados da empresa.
A manipulação de resultados contábeis, com o objetivo de aumentar a distribuição de bônus aos gestores ou esconder resultados negativos, são fatores importantes para os conflitos de agência.
Em decorrência há pressão para adoção de práticas melhores de gestão, e com isto, a transparência passa a ser exigida por todos como condição necessária para atingir, com segurança,o objetivo de maximizar os resultados e garantir a continuidade e expansão dos negócios.
Marco César de Oliveira: Economista, MBA Gestão Empresarial FIA/USP, Sócio da VALORVEST Gestão Empresarial, é professor e membro do Grupo de Estudos de Comércio Exterior do Unifieo – GECEU e-mail info@valorvest.com.br.
Este Blog tem por objetivo a discussão sobre as práticas de Governança Corporativa, Gestão, Tributos, contabilidade gerencial e outros temas correlatos, de forma a contribuir principalmente para as pequenas e médias empresas, de estrutura familiar ou não, na melhoria de suas atividades e tomada de decisões VISITE NOSSO SITE: www.valorvest.com.br
quarta-feira, 30 de novembro de 2011
terça-feira, 22 de novembro de 2011
O Circuito Demanda e Oferta
Em Economia o fim é o consumo, pois é por meio deste que se atendem as necessidades. A busca por produtos que satisfaçam as necessidades cria uma força econômica poderosa: a demanda. Vamos entender isto.
A necessidade econômica é um fenômeno humano, pois envolve a aplicação de recursos para sua satisfação, sendo formada pela carência aliada ao desejo de supri-la. A carência é objetiva, descreve a sensação de falta ou a identificação “do que é preciso”. O desejo é subjetivo, indica “aquilo que quero”.
Uma pessoa pode ter fome, mas ao rejeitar certo alimento ela não tem necessidade. Por outro lado, ao consumir certo produto sem sentir sua falta, o individuo foi impulsionado pelo desejo e também não tinha necessidade.
Duas pessoas com a mesma carência podem ter desejos distintos. Por exemplo, em um restaurante, na hora do almoço, encontramos várias pessoas com a mesma carência (fome), mas os alimentos que estão dispostos a consumir, a sua combinação e o seu volume não são os mesmos. Cada indivíduo tem o seu desejo.
Os esforços publicitários procuram influir nos desejos das pessoas. Você precisa de um meio de transporte e não daquele carro que você viu na televisão. Você precisa encontrar com os amigos, mas não daquela marca de cerveja.
É justamente a sedução pelos esforços publicitários que fazem as pessoas adquirirem aquilo que não precisam, comprometendo seus orçamentos e desviando seus recursos para outros gastos.
A necessidade traciona a demanda. Primeiramente, a demanda individual, que é a soma dos produtos que um indivíduo busca para suprir suas necessidades em um período. Depois vem a demanda de mercado que é a soma das demandas individuais por um produto específico em um determinado período. Por fim tem a demanda agregada que é a soma de todas as demandas de todos os agentes econômicos.
No caso do individuo, sua necessidade leva a demanda pontual por um produto ou conjunto de produtos. Para atender a demanda dos indivíduos as empresa buscam produtos gerados por outras empresas e fatores de produção. Assim, a demanda por produtos finais levam a formação da demanda por itens de produção (bens e serviços intermediários e bens de capital) e por serviços de fatores.
O circuito da demanda é completado com o da oferta, afinal a produção é o meio e para cada demanda há uma oferta. A oferta é outra força econômica que descreve a disponibilidade de bens, serviços e fatores. A oferta de produtos finais atende a respectiva demanda. No entanto, para existir é preciso a oferta de itens de produção e de recursos, que também suprirão as respectivas demandas.
Nos produtos apontados: produtos finais, bens e serviços intermediários, bens de capital ou recursos de produção sempre haverá demanda e oferta. Ambas buscam o equilíbrio, que ocorre por meio do preço.
Quando a oferta e a demanda não atingem o equilíbrio, normalmente, forças endógenas de mercado pressionam para o equilíbrio, por meio da pechincha, da liquidação ou da cobrança de ágio.
Há ainda forças exógenas representadas pelo governo que, por meio de uma série de instrumentos podem influir no preço de equilíbrio. Por exemplo, liberação das importações para ampliar a oferta e reduzir preços, aumento da carga tributária para deter a demanda por meio do aumento de preços, restrições à produção, entre outras.
Em síntese, a necessidade traciona a demanda, que por sua vez é completada pela oferta. A oferta e a demanda são duas forças que formam um circuito, que se equilibra por meio do preço. Pode ocorrer que uma das forças se sobreponha a outra, criando um desequilíbrio ou uma imperfeição no mercado. É neste contexto que surgem: o monopólio, o oligopólio, a concorrência monopolística, o monopólio bilateral, o oligopsônio, o monopsônio, os cartéis e os trustes, bem como, em decorrência, o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência. Mas isto é outra história.
Ricardo Maroni Neto, Economista, Professor do Unifieo e do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia - IFSP, autor do Livro Manual de Gestão de Finanças Pessoais, é membro do Grupo de Estudos de Comércio Exterior do Unifieo – Geceu.
A necessidade econômica é um fenômeno humano, pois envolve a aplicação de recursos para sua satisfação, sendo formada pela carência aliada ao desejo de supri-la. A carência é objetiva, descreve a sensação de falta ou a identificação “do que é preciso”. O desejo é subjetivo, indica “aquilo que quero”.
Uma pessoa pode ter fome, mas ao rejeitar certo alimento ela não tem necessidade. Por outro lado, ao consumir certo produto sem sentir sua falta, o individuo foi impulsionado pelo desejo e também não tinha necessidade.
Duas pessoas com a mesma carência podem ter desejos distintos. Por exemplo, em um restaurante, na hora do almoço, encontramos várias pessoas com a mesma carência (fome), mas os alimentos que estão dispostos a consumir, a sua combinação e o seu volume não são os mesmos. Cada indivíduo tem o seu desejo.
Os esforços publicitários procuram influir nos desejos das pessoas. Você precisa de um meio de transporte e não daquele carro que você viu na televisão. Você precisa encontrar com os amigos, mas não daquela marca de cerveja.
É justamente a sedução pelos esforços publicitários que fazem as pessoas adquirirem aquilo que não precisam, comprometendo seus orçamentos e desviando seus recursos para outros gastos.
A necessidade traciona a demanda. Primeiramente, a demanda individual, que é a soma dos produtos que um indivíduo busca para suprir suas necessidades em um período. Depois vem a demanda de mercado que é a soma das demandas individuais por um produto específico em um determinado período. Por fim tem a demanda agregada que é a soma de todas as demandas de todos os agentes econômicos.
No caso do individuo, sua necessidade leva a demanda pontual por um produto ou conjunto de produtos. Para atender a demanda dos indivíduos as empresa buscam produtos gerados por outras empresas e fatores de produção. Assim, a demanda por produtos finais levam a formação da demanda por itens de produção (bens e serviços intermediários e bens de capital) e por serviços de fatores.
O circuito da demanda é completado com o da oferta, afinal a produção é o meio e para cada demanda há uma oferta. A oferta é outra força econômica que descreve a disponibilidade de bens, serviços e fatores. A oferta de produtos finais atende a respectiva demanda. No entanto, para existir é preciso a oferta de itens de produção e de recursos, que também suprirão as respectivas demandas.
Nos produtos apontados: produtos finais, bens e serviços intermediários, bens de capital ou recursos de produção sempre haverá demanda e oferta. Ambas buscam o equilíbrio, que ocorre por meio do preço.
Quando a oferta e a demanda não atingem o equilíbrio, normalmente, forças endógenas de mercado pressionam para o equilíbrio, por meio da pechincha, da liquidação ou da cobrança de ágio.
Há ainda forças exógenas representadas pelo governo que, por meio de uma série de instrumentos podem influir no preço de equilíbrio. Por exemplo, liberação das importações para ampliar a oferta e reduzir preços, aumento da carga tributária para deter a demanda por meio do aumento de preços, restrições à produção, entre outras.
Em síntese, a necessidade traciona a demanda, que por sua vez é completada pela oferta. A oferta e a demanda são duas forças que formam um circuito, que se equilibra por meio do preço. Pode ocorrer que uma das forças se sobreponha a outra, criando um desequilíbrio ou uma imperfeição no mercado. É neste contexto que surgem: o monopólio, o oligopólio, a concorrência monopolística, o monopólio bilateral, o oligopsônio, o monopsônio, os cartéis e os trustes, bem como, em decorrência, o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência. Mas isto é outra história.
Ricardo Maroni Neto, Economista, Professor do Unifieo e do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia - IFSP, autor do Livro Manual de Gestão de Finanças Pessoais, é membro do Grupo de Estudos de Comércio Exterior do Unifieo – Geceu.
segunda-feira, 14 de novembro de 2011
DESAFIOS DO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO
O Brasil mudou muito nos últimos anos obtendo resultados bastante significativos para o seu desenvolvimento econômico.
Grande parte deste crescimento está associado ao comércio exterior do país que somente na última década ampliou as exportações em 246,41% e as importações em 226,69% em termos de valor.
Países como China, Estados Unidos e Argentina tem se consolidado como grandes parceiros comerciais do Brasil.
O país já conquistou um lugar de destaque no comércio exterior mundial e está classificado entre os trinta maiores exportadores e importadores.
Com base em todas essas afirmações pode-se concluir que os ventos estão favoráveis ao comércio exterior do país e que basta ao governo saber navegar na direção certa para continuar recebendo os bons ventos.
Entretanto nem tudo é positivo quando se faz uma análise mais apurada dos desafios pelos quais passa o comércio exterior do Brasil já que estes requerem uma atenção especial do governo.
Um deles se refere à queda nas vendas dos produtos manufaturados brasileiros que provocou um déficit na balança do setor industrial de US$ 39, 9 bilhões ou seja, 125% maior do que no ano de 2009 conforme informações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
O “custo Brasil” é outra adversidade que atinge diretamente o comércio exterior brasileiro por ser um conjunto de fatores que atrasam o desenvolvimento do país e diminuem a sua competitividade tais como: infraestrutura ineficiente, burocracia e carga tributária muito alta.
Estima-se que o custo logístico envolvendo estradas, portos, aeroportos e ferrovias em precário estado de conservação represente 12% do PIB brasileiro, ou seja, o 3º pior do mundo.
A burocracia é outro dilema para o comércio exterior brasileiro e segundo a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) corresponde entre 15% e 20% do custo total das exportações nacionais.
Outro grande desafio é pensar uma relação comercial mais equilibrada com a China uma vez que exporta-se muitos produtos básicos para aquele país em contrapartida da importação crescente de produtos manufaturados que acabam ameaçando a produção nacional devido aos baixos custos.
Se os chineses estão colhendo os bons frutos dessa estratégia de desenvolvimento é porque entenderam que a prosperidade tem que ser uma prioridade absoluta e nesse sentido desenvolveram um modelo exportador há mais de vinte anos.
Significativa parcela do crescimento do comércio exterior brasileiro está atrelada a fatores externos dentre os quais se destaca o aumento do preço das commodities. Esta condição acaba beneficiando o país e o direciona ao rumo certo, entretanto, por se tratar de uma área muito sensível a ofertas, demandas e oscilações de preços, não se sabe até quando este cenário será favorável ao Brasil.
Na ausência de ventos a favor é necessário ter um meio de locomoção que possibilite ao país navegar com recursos próprios e cuja força motriz é a sua economia interna que precisa ser madura, ágil e flexível.
Madura para proporcionar um crescimento mais uniforme de todos os setores que dela dependem, ágil para conseguir resultados positivos tão logo sejam necessários e flexível para ser ajustada de acordo com o desenvolvimento do país.
A competitividade oscilante, a burocracia, o custo Brasil e a falta de planejamento são alguns dos fatores internos que não estão garantindo a força necessária para impulsionar a grande nau do comércio exterior brasileiro e podem deixá-lo a deriva.
O governo brasileiro precisa entender o comércio exterior do país como um fator decisivo do crescimento econômico para realizar as mudanças internas necessárias ao seu desenvolvimento a fim de consolidar a sua posição como player global.
Sergio Dias Teixeira Junior:especialista e docente de Comércio Exterior e membro do Grupo de Estudos de Comércio Exterior do UNIFIEO – GECEU.
Escreve artigos para o PRVDA- Russia, Zwela – Angola e Diário Liberdade - Galícia.
Grande parte deste crescimento está associado ao comércio exterior do país que somente na última década ampliou as exportações em 246,41% e as importações em 226,69% em termos de valor.
Países como China, Estados Unidos e Argentina tem se consolidado como grandes parceiros comerciais do Brasil.
O país já conquistou um lugar de destaque no comércio exterior mundial e está classificado entre os trinta maiores exportadores e importadores.
Com base em todas essas afirmações pode-se concluir que os ventos estão favoráveis ao comércio exterior do país e que basta ao governo saber navegar na direção certa para continuar recebendo os bons ventos.
Entretanto nem tudo é positivo quando se faz uma análise mais apurada dos desafios pelos quais passa o comércio exterior do Brasil já que estes requerem uma atenção especial do governo.
Um deles se refere à queda nas vendas dos produtos manufaturados brasileiros que provocou um déficit na balança do setor industrial de US$ 39, 9 bilhões ou seja, 125% maior do que no ano de 2009 conforme informações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
O “custo Brasil” é outra adversidade que atinge diretamente o comércio exterior brasileiro por ser um conjunto de fatores que atrasam o desenvolvimento do país e diminuem a sua competitividade tais como: infraestrutura ineficiente, burocracia e carga tributária muito alta.
Estima-se que o custo logístico envolvendo estradas, portos, aeroportos e ferrovias em precário estado de conservação represente 12% do PIB brasileiro, ou seja, o 3º pior do mundo.
A burocracia é outro dilema para o comércio exterior brasileiro e segundo a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) corresponde entre 15% e 20% do custo total das exportações nacionais.
Outro grande desafio é pensar uma relação comercial mais equilibrada com a China uma vez que exporta-se muitos produtos básicos para aquele país em contrapartida da importação crescente de produtos manufaturados que acabam ameaçando a produção nacional devido aos baixos custos.
Se os chineses estão colhendo os bons frutos dessa estratégia de desenvolvimento é porque entenderam que a prosperidade tem que ser uma prioridade absoluta e nesse sentido desenvolveram um modelo exportador há mais de vinte anos.
Significativa parcela do crescimento do comércio exterior brasileiro está atrelada a fatores externos dentre os quais se destaca o aumento do preço das commodities. Esta condição acaba beneficiando o país e o direciona ao rumo certo, entretanto, por se tratar de uma área muito sensível a ofertas, demandas e oscilações de preços, não se sabe até quando este cenário será favorável ao Brasil.
Na ausência de ventos a favor é necessário ter um meio de locomoção que possibilite ao país navegar com recursos próprios e cuja força motriz é a sua economia interna que precisa ser madura, ágil e flexível.
Madura para proporcionar um crescimento mais uniforme de todos os setores que dela dependem, ágil para conseguir resultados positivos tão logo sejam necessários e flexível para ser ajustada de acordo com o desenvolvimento do país.
A competitividade oscilante, a burocracia, o custo Brasil e a falta de planejamento são alguns dos fatores internos que não estão garantindo a força necessária para impulsionar a grande nau do comércio exterior brasileiro e podem deixá-lo a deriva.
O governo brasileiro precisa entender o comércio exterior do país como um fator decisivo do crescimento econômico para realizar as mudanças internas necessárias ao seu desenvolvimento a fim de consolidar a sua posição como player global.
Sergio Dias Teixeira Junior:especialista e docente de Comércio Exterior e membro do Grupo de Estudos de Comércio Exterior do UNIFIEO – GECEU.
Escreve artigos para o PRVDA- Russia, Zwela – Angola e Diário Liberdade - Galícia.
terça-feira, 8 de novembro de 2011
Inovação e crise
Um grande economista do século passado, J.A. Schumpeter, afirmava que o motor, o combustível, do capitalismo era a inovação, o que denominava de destruição criadora, o novo surgindo do velho.
Inovação seria a criação de um novo produto, uma nova forma de fazer um produto já conhecido, isto é, fazer produtos antigos de forma diferente ou uma nova tecnologia para fazer novos produtos. Mas a inovação não se restringiria a isto, seria também administrar e/ou organizar de forma mais eficiente uma empresa ou atividade. O Japão, a potência que está aí, inicialmente fez uma revolução organizacional, administrativa, com o chamado Ohnismo ou Toyotismo.
O elevado impulso para a inovação, particularmente dos Estados Unidos, é um de seus traços mais marcantes, embora seja bom que se diga que o exagero neste ímpeto faz da obsolescência seu caldo de cultura, ou mesmo, sua essência. Assim, a criação e destruição em velocidade cada vez maior de produtos, empresas e serviços passou a ser uma das características fundamentais do capitalismo do século XXI, puxados pelo impulso dos americanos do norte para radicalização deste processo, que pode ser exemplificado pela permanente evolução e rápido envelhecimento dos celulares ( processo de desperdício contínuo e acelerado).
O DNA da inovação impregnou de tal forma o ambiente corporativo que hoje se discute como mecanismo de autopreservação da própria empresa, numa sucessão autofágica contínua, criar novos produtos e processos que canibalizam seus próprios produtos e processos, para evitar que se perca o ritmo e a liderança inovadora setorial para outras empresas mais “assanhadas”.
Esta lógica impregnou de tal forma o atual estágio do capitalismo, monetário creditício, que resultou em campanha sistemática para a não regulamentação e desregulamentação, particularmente, do sistema financeiro ao pretexto de deixar as forças de mercado agirem sem travas de leis e intervenções governamentais.
Sem peias o excesso de vigor do capitalismo, leia-se sua ganância, para acumular, leva a constantes situações de bolhas e crises, principalmente no que diz respeito às inovações financeiras, embora se questione a capacidade de tais inovações alavancarem o crescimento da economia, pelo contínuo descolamento entre o lado real e o lado financeiro. A capacidade de inovação é tão rápida e a agilidade governamental para fiscalização é tão baixa, que os riscos excessivos aí embutidos saem do controle, deste modo, de antemão, o jogo já está perdido. A crise cíclica faz parte da essência do capitalismo financeiro, com governo atuando. Se o governo se ausentar, como nos Estados Unidos e em boa parte do resto do mundo no período de hegemonia conservadora, o desastre será o seu desaguadouro natural.
Antônio Carlos Roxo é coordenador do Curso de Comércio Exterior e Negócios Internacionais, do MBA em Gestão em Negócios Internacionais e membro fundador do Grupo de Estudos de Comércio Exterior do Unifieo – Geceu.
E-mail : roxo@unifieo.br
Inovação seria a criação de um novo produto, uma nova forma de fazer um produto já conhecido, isto é, fazer produtos antigos de forma diferente ou uma nova tecnologia para fazer novos produtos. Mas a inovação não se restringiria a isto, seria também administrar e/ou organizar de forma mais eficiente uma empresa ou atividade. O Japão, a potência que está aí, inicialmente fez uma revolução organizacional, administrativa, com o chamado Ohnismo ou Toyotismo.
O elevado impulso para a inovação, particularmente dos Estados Unidos, é um de seus traços mais marcantes, embora seja bom que se diga que o exagero neste ímpeto faz da obsolescência seu caldo de cultura, ou mesmo, sua essência. Assim, a criação e destruição em velocidade cada vez maior de produtos, empresas e serviços passou a ser uma das características fundamentais do capitalismo do século XXI, puxados pelo impulso dos americanos do norte para radicalização deste processo, que pode ser exemplificado pela permanente evolução e rápido envelhecimento dos celulares ( processo de desperdício contínuo e acelerado).
O DNA da inovação impregnou de tal forma o ambiente corporativo que hoje se discute como mecanismo de autopreservação da própria empresa, numa sucessão autofágica contínua, criar novos produtos e processos que canibalizam seus próprios produtos e processos, para evitar que se perca o ritmo e a liderança inovadora setorial para outras empresas mais “assanhadas”.
Esta lógica impregnou de tal forma o atual estágio do capitalismo, monetário creditício, que resultou em campanha sistemática para a não regulamentação e desregulamentação, particularmente, do sistema financeiro ao pretexto de deixar as forças de mercado agirem sem travas de leis e intervenções governamentais.
Sem peias o excesso de vigor do capitalismo, leia-se sua ganância, para acumular, leva a constantes situações de bolhas e crises, principalmente no que diz respeito às inovações financeiras, embora se questione a capacidade de tais inovações alavancarem o crescimento da economia, pelo contínuo descolamento entre o lado real e o lado financeiro. A capacidade de inovação é tão rápida e a agilidade governamental para fiscalização é tão baixa, que os riscos excessivos aí embutidos saem do controle, deste modo, de antemão, o jogo já está perdido. A crise cíclica faz parte da essência do capitalismo financeiro, com governo atuando. Se o governo se ausentar, como nos Estados Unidos e em boa parte do resto do mundo no período de hegemonia conservadora, o desastre será o seu desaguadouro natural.
Antônio Carlos Roxo é coordenador do Curso de Comércio Exterior e Negócios Internacionais, do MBA em Gestão em Negócios Internacionais e membro fundador do Grupo de Estudos de Comércio Exterior do Unifieo – Geceu.
E-mail : roxo@unifieo.br
quinta-feira, 3 de novembro de 2011
Salário é renda?
Salário é renda? Esta é uma pergunta recorrente em várias situações, especialmente por aqueles violentados pelo imposto de renda.
O senso comum diz que não, pois salário é o pagamento do trabalho, enquanto a renda está vinculada a remuneração de capitais e imóveis ou outras fontes que gerem ganhos e que não seja o trabalho.
A lei, por meio do Código Tributário Nacional, estabelece no Artigo 43, renda como “o produto de capital, do trabalho ou da combinação de ambos”. Portanto, pela lei, o salário, por ser o produto do trabalho, é renda. Tanto que é a partir da concepção legal que se define o famigerado imposto de renda. No entanto, nem o senso comum, nem a lei, estabelecem uma resposta definitiva para a questão título.
A resposta à questão título envolve a análise de duas outras palavras correlatas: remuneração e rendimento. Os três termos muitas vezes se confundem.
A remuneração é o ato de recompensar, vem do latim remunerare. Os recursos de produção quando usados, são recompensados por meio de uma remuneração. Em termos gerais são tipos de remuneração: o salário, o juro, o aluguel, o lucro e os royalties.
O rendimento é o ganho líquido. Da remuneração principal deduzem-se as despesas para se obter este ganho. Essas despesas assumem várias formas. Para fins desta discussão tome-se um trabalhador que precisa se alimentar, ter uma habitação, ter lazer, para si e sua família. Os gastos vinculados ao atendimento destas e de outras necessidades formam as despesas. Do salário, excluídas as tais despesas, tem-se o rendimento a ser poupado ou direcionado para um consumo de longo prazo.
Voltando a questão inicial, para uma resposta mais qualificada é necessário buscar a etimologia da palavra renda. O termo renda deriva do latim reddere que significa restituir, devolver, pagar. Assim, na origem, renda é uma modalidade de pagamento.
Na Economia o termo foi abordado mais profundamente por David Ricardo, um economista que viveu no início do século XIX. Para Ricardo renda era a “porção do produto da terra pago ao seu proprietário pelo uso das forças originais e industriais do solo”. Na visão de Ricardo o proprietário da terra a cede para um agricultor, que a explora produtivamente, e emprega parte da produção para remunerar a cessão do direito de uso. Em inglês, renda é rent e significa aluguel. No contexto ricardiano, portanto, renda é o pagamento do aluguel da terra.
O termo renda, com o tempo, passou a designar de forma genérica a remuneração de qualquer fator de produção, em qualquer setor produtivo. Afinal, trabalho, capital, recursos naturais, tecnologia e capacidade empresarial são recursos produtivos “alugados” para um sistema de produção.
Em termos específicos, cada recurso tem uma remuneração própria: capacidade empresarial, lucro; tecnologia, royalties; capital físico, aluguel; capital financeiro, juros; trabalho, salário.
Desta forma, renda é o produto da remuneração dos fatores de produção, derivando daí a aplicação do termo renda para designar, de forma ampla, a renda nacional, que é o somatório das remunerações pagas pelos fatores de produção, dentro de uma Economia.
O salário, por conseguinte, é um tipo de remuneração, portanto, pode-se inferir que salário é renda, pois é o pagamento de um dos recursos de produção: o trabalho, que é cedido ou “alugado” produtivamente.
Ricardo Maroni Neto, Economista, Professor do Unifieo e do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia - IFSP, autor do Livro Manual de Gestão de Finanças Pessoais é membro do Grupo de Estudos de Comércio Exterior do Unifieo – Geceu.
O senso comum diz que não, pois salário é o pagamento do trabalho, enquanto a renda está vinculada a remuneração de capitais e imóveis ou outras fontes que gerem ganhos e que não seja o trabalho.
A lei, por meio do Código Tributário Nacional, estabelece no Artigo 43, renda como “o produto de capital, do trabalho ou da combinação de ambos”. Portanto, pela lei, o salário, por ser o produto do trabalho, é renda. Tanto que é a partir da concepção legal que se define o famigerado imposto de renda. No entanto, nem o senso comum, nem a lei, estabelecem uma resposta definitiva para a questão título.
A resposta à questão título envolve a análise de duas outras palavras correlatas: remuneração e rendimento. Os três termos muitas vezes se confundem.
A remuneração é o ato de recompensar, vem do latim remunerare. Os recursos de produção quando usados, são recompensados por meio de uma remuneração. Em termos gerais são tipos de remuneração: o salário, o juro, o aluguel, o lucro e os royalties.
O rendimento é o ganho líquido. Da remuneração principal deduzem-se as despesas para se obter este ganho. Essas despesas assumem várias formas. Para fins desta discussão tome-se um trabalhador que precisa se alimentar, ter uma habitação, ter lazer, para si e sua família. Os gastos vinculados ao atendimento destas e de outras necessidades formam as despesas. Do salário, excluídas as tais despesas, tem-se o rendimento a ser poupado ou direcionado para um consumo de longo prazo.
Voltando a questão inicial, para uma resposta mais qualificada é necessário buscar a etimologia da palavra renda. O termo renda deriva do latim reddere que significa restituir, devolver, pagar. Assim, na origem, renda é uma modalidade de pagamento.
Na Economia o termo foi abordado mais profundamente por David Ricardo, um economista que viveu no início do século XIX. Para Ricardo renda era a “porção do produto da terra pago ao seu proprietário pelo uso das forças originais e industriais do solo”. Na visão de Ricardo o proprietário da terra a cede para um agricultor, que a explora produtivamente, e emprega parte da produção para remunerar a cessão do direito de uso. Em inglês, renda é rent e significa aluguel. No contexto ricardiano, portanto, renda é o pagamento do aluguel da terra.
O termo renda, com o tempo, passou a designar de forma genérica a remuneração de qualquer fator de produção, em qualquer setor produtivo. Afinal, trabalho, capital, recursos naturais, tecnologia e capacidade empresarial são recursos produtivos “alugados” para um sistema de produção.
Em termos específicos, cada recurso tem uma remuneração própria: capacidade empresarial, lucro; tecnologia, royalties; capital físico, aluguel; capital financeiro, juros; trabalho, salário.
Desta forma, renda é o produto da remuneração dos fatores de produção, derivando daí a aplicação do termo renda para designar, de forma ampla, a renda nacional, que é o somatório das remunerações pagas pelos fatores de produção, dentro de uma Economia.
O salário, por conseguinte, é um tipo de remuneração, portanto, pode-se inferir que salário é renda, pois é o pagamento de um dos recursos de produção: o trabalho, que é cedido ou “alugado” produtivamente.
Ricardo Maroni Neto, Economista, Professor do Unifieo e do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia - IFSP, autor do Livro Manual de Gestão de Finanças Pessoais é membro do Grupo de Estudos de Comércio Exterior do Unifieo – Geceu.
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