Em 7 de Novembro foi apresentado no Unifieo o trabalho de conclusão de curso (TCC) de Comércio Exterior e Negócios Internacionais, que investigou o impacto da crise de 2008 em quatro segmentos da indústria de transformação do Brasil.
Sob o título “Algumas considerações sobre o impacto da crise de 2007 no setor industrial do Brasil: um estudo sobre alguns segmentos da indústria de transformação”, o TCC estudou as exportações, a produção, o nível de estoques, a utilização da capacidade instalada e o acesso ao crédito nos segmentos de equipamento de transporte, veículos automotores, metalurgia básica e máquinas e equipamentos.
Vale destacar que os quatro segmentos foram escolhidos por contribuírem acentuadamente para a queda das exportações brasileiras no período enfocado. As principais conclusões são objeto deste artigo.
O estudo permite inferir que o impacto da crise na indústria de transformação teve início mais expressivo no terceiro trimestre de 2008 estendendo-se até o terceiro trimestre de 2009, quando se começa uma lenta recuperação.
Inicialmente a crise causou recessão no mercado financeiro mundial o que resultou, entre outros aspectos, a retração do comércio internacional, gerando uma queda considerável nas exportações dos setores analisados. O setor de Equipamentos de Transporte, por exemplo, registrou em setembro de 2009, recuo em suas exportações de aproximadamente duas vezes o valor exportado em setembro de 2008.
A queda das exportações provocou a redução da produção, cujos indicadores do período tiveram uma queda tão expressiva que os segmentos de Veículos Automotores e Metalurgia Básica viram sua produção reduzir para menos da metade do registrado.
A queda da produção reduziu a ocupação da capacidade instalada, este efeito conjunto contribuiu para as demissões na indústria de transformação.
A retração das exportações contribuiu para o aumento dos estoques. Este efeito foi percebido com mais intensidade no quarto trimestre de 2008.
A crise retraiu a oferta de crédito, principalmente devido à incerteza, o que prejudicou todos os segmentos analisados, sobretudo o de Veículos Automotores que teve as condições de acesso ao crédito mais desfavorável.
Pode-se inferir que a queda das exportações associada à limitação de crédito no mercado causou a redução da produção, o que resultou no aumento do nível de estoque e na redução da capacidade instalada.
O estudo não permite determinar categoricamente qual dos segmentos estudados foi o mais prejudicado, pois existem oscilações atenuantes de acordo com as variáveis. O segmento de equipamentos de transporte, por exemplo, apresentou pior resultado na exportação, mas demonstrou uma desenvoltura sensivelmente melhor na produção e no nível de estoque, se comparado aos demais segmentos.
Analisando-se as variáveis isoladamente, observa-se que, a exportação do segmento equipamentos de transporte foi a mais prejudicada. Enquanto que, pela ótica da produção e da utilização da capacidade instalada pode-se dizer que o setor de Metalurgia Básica foi o que mais sofreu os efeitos da crise. Ao passo que, se forem examinadas apenas as variáveis de nível de estoque e acesso a crédito, pode-se afirmar que o setor Veículos Automotores foi o mais afetado pelos impactos da crise.
Por meio da análise de proporcionalidade, pela qual se pontua a colocação dos segmentos em cada quesito estudado, sendo os piores menos pontuados e os melhores mais, pode-se afirmar que os segmentos de Veículos Automotores foi o mais prejudicado pelos efeitos da crise de 2008, ao passo que o segmento de Máquinas e Equipamentos foi o menos afetado.
Ricardo Maroni Neto, Economista, Professor do Unifieo e do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia - IFSP, autor do Livro Manual de Gestão de Finanças Pessoais, membro do Grupo de Estudos de Comércio Exterior do Unifieo– Geceu. Simone Aparecida da Costa, Bacharelanda em Comércio Exterior e Negócios Internacionais pelo UNIFIEO, membro do Grupo de Estudos de Comércio Exterior do Unifieo – Geceu.